28 de dez. de 2014

Jejue pela graça


DISCIPULADO
Livro: O sermão do monte
9ª Aula - Mateus 6:16-18

O jejum é conhecido popularmente por ser uma prática religiosa. Seguidores e adeptos de diversas religiões oferecem o jejum como forma de penitência para alcançar alguma graça ou para pedir perdão. A ação pode ser feita em relação aos alimentos, como também a abstenção de alguma outra atividade que a pessoa realiza de maneira costumeira.

De todos os meios de graça, o jejum tem sido o mais mal compreendido. Alguns o exaltam acima de todas as Escrituras e da razão. Outros o desconsideram por completo. O jejum não é um fim, mas um meio precioso, ordenado por Deus e que, certamente, dá bons frutos.


Áreas do jejum:

1. Natureza do jejum

Todos os autores da Bíblia tomam a palavra “jejum” num único sentido: abster-se de comida. Davi, Neemias, Isaías e outros profetas, bem como Jesus e seus apóstolos, concordam que jejuar é deixar de comer por um período.

Moisés, Elias e Jesus foram dotados de força sobrenatural para esse propósito. É registrado que eles jejuaram sem interrupção por 40 dias e 40 noites (Dt. 9:18; 1 Rs. 19:8; Mt. 4:2). Entretanto, o tempo do jejum mais frequentemente registrado nas Escrituras pelos cristãos é de um dia, de manhã ao anoitecer. Além deles, há os “meio-jejuns”, observados no quarto e no sexto dias da semana, o ano todo. Nesses dias, as pessoas não comiam até às 15h, hora em que retornavam do culto público na igreja.

A igreja moderna, no entanto, parece entender o jejum como abstinência, usada quando não se pode jejuar por completo em razão de enfermidade ou fraqueza física. Equivale a alimentar-se com pouco, abstendo-se parcialmente da comida, ou seja, ingerindo uma quantidade menor do que a usual. Não parece haver um exemplo Bíblico disso, entretanto, não se pode condenar a prática, já que as Escrituras não a condenam.

O tipo mais inferior de jejum, se é que podemos chamar assim, é abster-se de alimentos agradáveis. Daniel e seus amigos fizeram isso (Dn. 1:8-12).

Jejuns estabelecidos

Na igreja judaica: havia o do sétimo mês, ordenado pelo próprio Deus (deveria ser observado por todo o Israel, sob a mais severa penalidade – Lv. 23:27-29 – posteriormente observado por Zacarias não apenas no sétimo mês, mas também no quarto, quinto e décimo meses – Zc. 8:19)

Na igreja cristã primitiva: os anuais, realizado geralmente antes da Páscoa, observado durante 48 horas por alguns. E os semanais, com jejuns durante uma semana inteira ou por duas semanas. Os que se dedicavam a esses jejuns não consumiam alimentos até o anoitecer de cada dia.

Na igreja histórica: 40 dias de quaresma, os Têmporas, nas quatro estações, os dias de Rogações, as Vigílias ou Vésperas de alguns festivais solenes, e os Semanais, todas as sextas-feiras do ano, exceto do Dia de Natal.

Além desses, que são fixos em todas as nações cristãs, sempre houve jejuns ocasionais, marcados de tempos em tempos, quando circunstâncias e ocasiões específicas exigem essa prática, como o jejum em todo o reino de Judá durante o governo de Josafá (2 Cr. 20:1-3) e no reino de Jeoaquim, filho de Josias (Jr. 36:9).

2. Razões bases e fins

Algumas pessoas, que sofrem fortes aflições emocionais, acabam abandonando por um período a necessidade de comer. Assim foi com Saul (1 Sm. 28:15-20), com Paulo e os homens que estavam no navio com ele (At. 27:33) e com Davi2 Sm.1:12).

O jejum é um auxílio à oração, para confirmar e aumentar a virtude e a castidade, acrescentando seriedade de espírito, sinceridade, sensibilidade e mansidão de consciência. Aumenta a morte para o mundo e, por conseguinte, o amor a Deus.

Ele também é um meio poderoso de evitar a ira do Senhor, como vemos com o exemplo de Acabe (1 Rs. 21:29) e Daniel (Dn. 9:16-19).

Além disso, para obter quaisquer bênçãos que necessitamos, como aplicado no Antigo Testamento (Jz. 20:26 1 Sm. 7:10; Es. 8:21; Nm. 1:4-11) e no Novo Testamento (At. 13:1-3), como também bênçãos espirituais, já que Jesus ensinou que há castas de demônios que somente são vencidas através do jejum e da oração (Mt. 17:19).

Cristo ensina nesse trecho do sermão do monte que o jejum é importante. Ele não exigiu expressamente nem o jejum, nem a oração e nem as esmolas, mas Suas instruções mostram como jejuar, orar e dar esmolas, dizendo “o teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente”.

3. De que maneira devemos jejuar

Deve ser feito para o Senhor: nossos olhos devem estar fixos nEle e o propósito ser glorificar a Deus, expressando nossa dor e vergonha pelas transgressões cometidas.

Não cair na armadilha de imaginar que merecemos algo de Deus por jejuar: seria uma tentativa de obter salvação por mérito e não pela graça. O jejum é um meio orientado por Deus pelo qual esperamos sua misericórdia imerecida, é um lugar de espera. Deus nos prometeu dar a sua benção gratuitamente.

Tomar cuidado para não afligirmos nosso corpo físico: preservar nossa saúde como uma boa dádiva de Deus, tomando cuidado para não destruirmos nosso corpo. Se não pudermos abster-nos totalmente de comida, que nos privemos de alimentos agradáveis (Is. 58:3).

Juntar a oração fervorosa ao nosso jejum: derramar toda a nossa alma, confessando nossos pecados com todos os seus agravantes, toda a nossa culpa e nosso estado desesperador. Tempo para lamentar também pelos pecados de todo o povo e para clamar pela igreja.

“Porventura não é este o jejum que escolhi, 
que soltes as ligaduras da impiedade, 
que desfaças as ataduras do jugo 
e que deixes livres os oprimidos, 
e despedaces todo o jugo?

Porventura não é também 
que repartas o teu pão com o faminto, 
e recolhas em casa os pobres abandonados; 
e, quando vires o nu, o cubras, e não te escondas da tua carne?

Então romperá a tua luz como a alva, 
e a tua cura apressadamente brotará, 
e a tua justiça irá adiante de ti, 
e a glória do Senhor será a tua retaguarda.

Então clamarás, e o Senhor te responderá; 
gritarás, e ele dirá: Eis-me aqui. 
Se tirares do meio de ti o jugo, 
o estender do dedo, e o falar iniquamente;
E se abrires a tua alma ao faminto, 
e fartares a alma aflita; 
então a tua luz nascerá nas trevas, 
e a tua escuridão será como o meio-dia.

E o Senhor te guiará continuamente, 
e fartará a tua alma em lugares áridos, 
e fortificará os teus ossos; 
e serás como um jardim regado, 
e como um manancial, cujas águas nunca faltam.”

Isaías 58:5-11

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