24 de jan. de 2012

João: 1:43-51

ESTUDO DO LIVRO DE JOÃO
Material divulgado pela União Missionária Brasileira

No dia imediato, resolveu Jesus partir para a Galiléia e encontrou a Filipe, a quem disse: “Segue-me”. Ora, Filipe era de Betsaida, cidade de André e Pedro. Filipe encontrou a Natanael e disse-lhe: “Achamos aquele de quem Moisés escreveu na Lei, e a quem se referiram os profetas: Jesus, o Nazareno, filho de José. Perguntou-lhe Natanael: “De Nazaré, pode sair alguma coisa boa?” Respondeu Filipe: “Vem e vê”. Jesus viu Natanael aproximar-se e disse a seu respeito: “Eis um verdadeiro israelita, em quem não há dolo!”. Perguntou-lhe Natanael: “Donde me conheces?” Respondeu-lhe Jesus: “Antes de Filipe te chamar, Eu te vi , quando estavas debaixo da figueira. Então, exclamou Natanael: “Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel! Ao que Jesus lhe respondeu: “Porque te disse que te vi debaixo da figueira, crês? Pois maiores coisas do que estas verás”. E acrescentou: “Em verdade, em verdade vos digo que vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem”.

Chegou o último dia de Jesus nas proximidades onde o Batista se encontrava. Ele se preparou para partir, de volta à sua terra que dista 70 ou 80 quilômetros em direção norte - a Galiléia. Havia encontrado muita gente de sua terra na companhia do Batista.

(43) No dia imediato, resolveu Jesus partir para a Galiléia e encontrou a Filipe, a quem disse: “Segue-me”.

(44) Ora, Filipe era de Betsaida, cidade de André e Pedro. Entendemos que a ordem de Jesus foi prontamente obedecida por Filipe, mais ainda tratando-se de um conhecido, proveniente da mesma região. Betsaida era uma vila na margem norte do “Mar da Galiléia”.


(45) Filipe encontrou a Natanael e disse-lhe: “Achamos aquele de quem Moisés escreveu na Lei, e a quem se referiram os profetas: Jesus, o Nazareno, filho de José. (O Natanael do Evangelho de João corresponde ao Bartolomeu nos Evangelhos sinópticos). Natanael era de Caná, a vinte e cinco quilômetros ao oeste de Cafarnaum, na região montanhosa da Galiléia. Ele também veio pedir o batismo por João Batista e estava ansioso pelo aparecimento daquele que “batizaria com o Espírito” (1.33).

Observe como Filipe, no seu grande entusiasmo, transmitiu a Boa Nova: A sentença começa com o “encontramos” e termina com “Nazareno, filho de José”. Os dois conceitos eram totalmente contraditórios. “Aquele de quem Moisés e os profetas escreveram”... Natanael entendeu: As promessas se cumpriram! Mas quando ele ouviu o final da mensagem, “filho de José, de Nazaré” – uma vila absolutamente insignificante que nem constava na Lei e nos profetas - (46) Perguntou-lhe Natanael: “De Nazaré, pode sair alguma coisa boa?” Natanael conheceu bem as escrituras. Da Galiléia e menos ainda de Nazaré não viria nenhum Messias. A promessa valia para a pequena “Belém” na Judéia. E quem era o tal de José?

Observe que o Evangelista João nada sabe ou nada menciona de um “nascimento virginal” de Jesus. Muito naturalmente Jesus é apresentado como “Filho de José”. Nem Paulo sabe de um nascimento virginal, quando diz : “... nascido de mulher, nascido debaixo da Lei...” (Gal.4.4). O “Messias” dos judeus era esperado da linhagem de Judá, descentente de Davi, portanto humano. Quando João escreveu seu Evangelho, ainda não havia nenhum doutrina a respeito, muito embora o texto de Mateus 1.18-25 já devesse ter sido conhecido.

Filipe oferece a Natanael a melhor resposta possível nesta situação: Respondeu Filipe: “Vem e vê”. Realidades não podem ser passadas a outros através de argumentação. É preciso verificar para chegar à certeza. Quando Natanael, sendo levado por Filipe, aproximou-se de Jesus, Este o observou atentamente.

(47) Jesus viu Natanael aproximar-se e disse a seu respeito: “Eis um verdadeiro israelita, em quem não há dolo!” Poderíamos argumentar que o uso de artimanhas para adquirir vantagens pessoais caracterizou não somente o velho Jacó (Gen.27.35), mas também seus descendentes (inclusive a nós). Um judeu realmente honesto, transparente, sem duplicidade, tinha se tornado uma raríssima exceção.

A imediata disposição de Natanael de ir ver “a coisa vinda de Nazaré” testemunhou a seu favor. Um homem que tivesse menos integridade poderia ter, gentilmente, agradecido a Jesus pela forma elogiosa com que fora cumprimentado. Com grande sinceridade,

(48) Perguntou-lhe Natanael: “Donde me conheces?” Será que Filipe havia suprido Jesus com informações a seu respeito? Respondeu-lhe Jesus: “Antes de Filipe te chamar, Eu te vi , quando estavas debaixo da figueira”.

“Estar debaixo da figueira” era sinônimo de “estudar a Lei”. O Evangelista retorna aqui o mesmo estilo literário como o verificado na saudação de Pedro, isto é, ele enfatiza o imediato conhecimento que Jesus tinha das pessoas que O cercavam. Foi este o caso, pois Natanael, sabendo que não fora observado enquanto estudava, acabou sendo desarmado. Sua desconfiança inicial havia se transformado em um grande deslumbramento.

(49) Então, exclamou Natanael: “Mestre, tu és o Filho de Deus, tu és o Rei de Israel!

É difícil não reconhecer a mão do autor quando ele acrescenta o título “Filho de Deus” à resposta entusiasmada de Natanael. Sim, Natanael reconheceu nesse homem de Nazaré o “Mestre” e “Rei de Israel”. João reforçou a exclamação de Natanael com o título “Filho de Deus” que acabara de apresentar no seu Evangelho (1.34).

Para que os discípulos chegassem a essa conclusão, no entanto, haveriam de passar por muitas experiências, provas e derrotas; a última delas foi quando fogem em face da prisão de Jesus. Somente após a ressurreição de Jesus é que a compreensão deles chegará a tal ponto. João, o Evangelista, na sua paixão pelo seu Senhor, olha o passado com os olhos da fé madura e assim ele escreve. Ele não está relatando fatos... ele está pregando!

Ao que Jesus lhe respondeu: “Porque te disse que te vi debaixo da figueira, crês? Pois maiores coisas do que estas verás”. A base para a fé de Natanael era estreita demais. Uma única experiência pessoal não sustenta uma vida de fé. Amorosamente, Jesus corrigiu e ampliou a visão inicial de Natanael.

(51) E acrescentou: “Em verdade, em verdade vos digo que vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem”. Vinte e cinco vezes o Evangelista usará no seu Evangelho a expressão “em verdade, em verdade”. Esse termo duplo corresponde ao “Amém, amém” do Antigo Testamento, onde é usado para confirmar uma maldição ou uma bênção (confira Num.5.22; aliás Neemias 8.6).

Hoje diríamos: “Vocês podem confiar, que...”. O que Jesus está prometendo aos seus primeiros discípulos? O mesmo que Jacó viu no seu sonho (Gen. 28.10-13.7) tornar-se-á realidade para eles. Eles serão testemunhas de um céu aberto, de uma comunhão perfeita e constante do Pai com o “Filho do Homem”. O termo “Filho do Homem” em geral é muito controvertido. Aqui ele está usado de acordo com o pensamento joanino: Através desse “Filho dos Homens” Deus mesmo entrará em comunhão permanente com os homens.

Com essas palavras João encerra a narração do início do movimento. Os primeiros seis discípulos, como atraídos por uma força maior, se juntaram ao seu Mestre. Todos os títulos de honra que o movimento messiânico conhecia e criava, foram aplicados a Jesus: O “Verbo pré-existente”; “Cordeiro de Deus”; Habitação do Espírito; “O que batiza com o Espírito”; “Filho de Deus”; ”Filho do Homem” (Dan.7); “Rei de Israel”. Sob este último título, mais tarde, Ele seria condenado à morte (João 19.19).

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