24 de jun. de 2011

João 1:6-9

ESTUDO DO LIVRO DE JOÃO
Material divulgado pela União Missionária Brasileira

"(6) Houve um homem enviado por Deus cujo nome era João. (7) Este veio como testemunha para que testificasse a respeito da luz; a fim de todos virem a crer por intermédio dele. (8) Ele não era a luz; mas veio para que testificasse da luz, (9) a saber, a verdadeira luz, que, vindo ao mundo, ilumina a todo homem".

No exato momento em que a “Palavra” (Logos) juntamente com as palavras “... a luz resplandece nas trevas” entra na história humana, João introduz o testemunho de João Batista. Este era seu antigo mestre, antes que conhecesse Jesus. Lembremos: O Evangelista, quando jovem, seguiu ao Batista impressionado com a mensagem escatológica dele (anunciando a iminente separação dos fiéis verdadeiros dos falsos).

Quando João chegou a conhecer Jesus, ele abandonou o Batista. O “Movimento Batista”, caracterizado pelo “batismo do arrependimento para perdão dos pecados”, continuava existindo paralelamente ao de Jesus, mesmo após a morte de seu fundador. Nas cidades de Alexandria e mesmo em Éfeso, onde o apóstolo João passou seus últimos anos de vida, ainda havia discípulos da “seita Batista” quando o velho apóstolo se propôs a escrever seu Evangelho.

Os seguidores do Batista “não conheciam o caminho de Deus” (confira Atos 18.25-28 e 19.1-7) e viam no Batista uma figura messiânica. Assim, quando João introduz a pessoa do Batista bem no início do “Prólogo”, ele fala de alguém conhecido entre seus leitores.

(6) Houve um homem enviado de Deus cujo nome era João.
A natureza exata da obra de João Batista precisava ser esclarecida. O Batista nunca reivindicou para si o que alguns lhe atribuíam: era “homem”, embora “enviado por Deus”, comissionado por Deus para testemunhar a respeito da Luz.

(7) Este veio como testemunha para que testificasse a respeito da luz; Semelhantemente aos profetas no Antigo Testamento, João Batista fora escolhido e enviado por Deus para cumprir uma determinada missão (confira Lucas cap.1.5-23 e 57-80).

O apóstolo não se refere à atividade desse “último e maior profeta” (como Jesus implicitamente o chamou em Mateus 11.11). Para ele, a real função do Batista era “dar testemunho” a respeito da Luz, indicar, apontar aquele “que veio e que era antes dele”. As palavras do Batista, quando apontou para Jesus estão registradas no verso 15: “Este é o de quem eu disse: o que vem depois de mim tem, contudo, a primazia, porque já existia antes de mim”. Apontar Jesus era a verdadeira missão do Batista, cujo movimento após a sua morte violenta havia se transformado em seita que praticava o “batismo de arrependimento”.

“... a fim de todos virem a crer por intermédio dele”. Para o apóstolo, a única “resposta à altura” diante da Luz, que veio a manifestar-se no tempo, é “crer”. É interessante observar que, enquanto João usa o verbo “crer” mais de cem vezes no seu Evangelho, nenhuma vez ele faz uso da palavra “fé”.

Uma Palavra exige uma resposta e essa só pode ser ativa, viva. O verbo “crer” indica atividade, dinâmica, vida, implica em resposta; enquanto “fé” pode ser um posicionamento estático, morto. O testemunho de João Batista, encravado na história, e no momento da composição do Evangelho já pertencendo ao “passado”, apontou para a Luz eterna que, ainda hoje, “alumia, brilha”; o Batista era o “credencial” comissionado por Deus para que todos cressem!

(8) Ele não era a luz; mas veio para que testificasse da luz, Mais uma vez, em função apologética (defesa da fé) o autor procura deixar claro que a mensagem do “Cristo ressurreto” está acima da do Batista. A ênfase de João nesse ponto nos mostra que na época deve ter havido certa rivalidade entre os dois movimentos. Resumamos como o apóstolo argumenta:

O Logos era (desde a eternidade) – João veio;
Cristo é a “Palavra” – João “era homem”;
Cristo era o próprio Deus – João era comissionado por Deus;
Ele é a verdadeira Luz – João veio para testemunhar a respeito da Luz;
Cristo é o objeto da confiança – João era o agente cujo testemunho deveria levar os homens a crer na verdadeira luz.

(9) “... a saber, a verdadeira luz, que, vindo ao mundo, ilumina a todo homem”. O autor do Evangelho mostra a importância do atributo “verdadeiro”. Ele enfatiza a “verdadeira” Luz. Mais adiante, Jesus falará da “videira verdadeira” (cap.15); dos “verdadeiros adoradores” (cap.4.23); do “verdadeiro pão” (6.32); do “testemunho verdadeiro” (21.24) etc. A “verdadeira Luz” contrasta com outras “luzes”, “figuras messiânicas”, “deuses e deusas” das quais a Antiguidade estava repleta. Todas elas sucumbiram no tempo. A “Luz verdadeira” porém, da qual João fala, continua a iluminar a “todo homem”.

Há divergências entre os comentaristas quanto à interpretação desse “todo homem”. Vamos ficar com a versão que nos parece mais sensata e (!) verdadeira: O Evangelista não focaliza o homem; ele está falando da Luz e da autoridade e universalidade dela. Essa Luz é exclusiva. Não há outra luz que pudesse iluminar ou concorrer com a verdadeira Luz. Não existe condição humana que pudesse excluir alguém do alcance da verdadeira Luz. Quem, em qualquer condição, cultura ou época, se abrir será iluminado pela Luz verdadeira.
Todo homem está sendo aluminado!

Você já culpou Deus ou outrem qualquer pela sua condição miserável ou falta de Deus? Lembre: A verdadeira Luz ilumina a todo homem! Abra, portanto, sua vida para “A Palavra”!

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