18 de dez. de 2013

Gênesis 4 e 5 | Caim e Abel - A dispensação da Consciência

PANORAMA BÍBLICO
Gênesis – A dispensação da Consciência (Gn. 4 e 5)

Como vimos nos estudos anteriores (se não viu, clique aqui), Deus criou o primeiro casal (Adão e Eva) para lavrar a terra; com a sua proteção, ambos assumiram a responsabilidade de cultivar e guardar o jardim do Éden, bem como dominar os animais. Eles possuíam o direito de comer de todos os alimentos disponíveis, exceto um, o da árvore do conhecimento do bem e do mal. Esta ‘prova de fogo’ que eles passaram tinha como objetivo verificar a sua obediência a Deus.

Todos nós sabemos que eles foram reprovados, mas Deus, na Sua infinita misericórdia deu um sinal de sua graça, prometeu um Redentor, vestiu o casal com túnicas de pelos de animais e os expulsou do jardim. Assim, a primeira dispensação bíblica, a Dispensação da Inocência, foi concluída com o juízo divino (Gn. 3:22-24).

A partir do período pós-queda, a teologia denomina a fase como “Dispensação da Consciência”. Este período durou cerca de 1.656 anos, abrangendo desde a queda do homem até o Dilúvio. Deus agora vai começar a lidar com a raça humana, caída, querendo restaurá-la, mas todas as vezes que Ele revela Seu plano, veremos Satanás apresentando outro, “semelhante”, para desviar o homem dos propósitos do Senhor.

Havendo perdido a filiação de Deus e estando separado daquela vida que vem do Criador e, tendo recebido em seu ser o veneno do pecado e do espírito que, agora, opera nos filhos da desobediência, estando sujeito a Satanás, o homem partiu do Éden em condições bem diferentes das anteriores.

“... Nos quais andastes outrora, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe da potestade do ar, do espírito que agora atua nos filhos da desobediência”. Efésios 2:2. 

Agora o mundo está sob maldição. O homem havia perdido a inocência e a pureza da mente e da vida. Agora ele conhece a diferença entre o bem e o mal, mas isso já não lhe traz vantagem alguma. Perdeu a comunhão com Deus e alienou a capacidade do conhecimento espiritual. Foi prejudicado no espírito, alma e corpo, mas uma coisa reteve: a sua livre e espontânea vontade, pela qual poderia escolher entre o bem e o mal. Permaneceu tal qual era antes, um ser livre e responsável perante Deus, por sua maneira de agir.

Caim e Abel

Quando Adão e Eva saíram do jardim começou o desenvolvimento da raça humana. Eles começaram a ter filhos e seus filhos também começaram a ter filhos. Veremos a Bíblia citando alguns filhos diretos de Adão e Eva, porém nem todos. A Bíblia cita somente os descendentes para efeito de genealogia.

Os filhos de Adão e Eva casaram-se entre si, pois era a única maneira da raça crescer (no futuro veremos que o casamento entre irmãos foi proibido). A Palavra de Deus nesse período era transmitida de “boca em boca”, desta maneira, os filhos recebiam orientações dos pais em relação às coisas que agradam ao Senhor. Esses princípios estabelecidos por Deus eram transmitidos de geração em geração.

A Bíblia agora foca na vida de dois filhos: Caim, um lavrador, e Abel, um pastor de ovelhas. Ambos entregam ofertas a Deus. Caim faz uma entrega do fruto da terra, mas Abel, além de entregar as primícias, entrega “do seu rebanho e da gordura deste”. Vemos então o Senhor se agradando da oferta de Abel, mas não da oferta de Caim.

“Agradou-se o Senhor de Abel e de sua oferta; ao passo que de Caim e de sua oferta não se agradou”. Gênesis 4:4b e 5. 

A palavra traduzida para “se agradou”, no hebraico quer dizer “ateou fogo”. Fogo desceu do céu e consumiu a oferta de Abel. Era desta maneira que Deus mostrava se aceitava ou não a oferta. Com isto, Caim ficou irado com Deus. Há várias linhas teológicas que analisam o motivo de Deus não ter aceitado a oferta de Caim. Veja algumas delas:

• Porque já havia sido determinado a seus pais (Adão e Eva) que as ofertas deveriam ser de sangue;

• Porque ele não apresentou o melhor da terra;

• Porque ele não aceitou o senhorio de Deus.

O que sabemos com certeza é que Deus não se agradou de Caim – a Bíblia chega a dizer que Caim era do Maligno (veja abaixo), mas o sacrifício de Abel foi excelente, pelo qual obteve testemunho de ser justo, tendo a aprovação do Senhor perante as suas ofertas.

“Pela fé, Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício do que Caim; pelo qual obteve testemunho de ser justo, tendo a aprovação de Deus quanto às suas ofertas”. Hebreus 11:4. 

"Não como Caim, que era do maligno, e matou a seu irmão. E por que causa o matou? Porque as suas obras eram más e, as de seu irmão, justas". 1 João 3:12. 

A Bíblia ainda diz que muitas pessoas tentam agradar a Deus da maneira errada, difamando tudo aquilo que não entendem pelo instinto natural, como “brutos sem razão”. Estas pessoas seguem pelo caminho do erro, o caminho de Caim.

“Estes, porém, quanto a tudo o que não entendem, difamam; e, quanto a tudo o que compreendem por instinto natural, como brutos sem razão, até nessas coisas se corrompem. Ai deles! Porque prosseguiram pelo caminho de Caim”. Judas 1:10,11a. 

O primeiro homicídio

Caim então se irou, ficando grandemente enciumado. Vemos Deus novamente buscando o homem, procurando acalmá-lo e exortando-o a ainda nessa hora buscar proceder corretamente. É impressionante o amor e a longanimidade do Senhor.

“Então, lhe disse o Senhor: Por que andas irado, e por que decaiu o teu semblante? Se procederes bem, não é certo que serás aceito? Se, todavia, procederes mal, eis que o pecado jaz à porta; o seu desejo será contra ti, mas a ti cumpre dominá-lo”. Gênesis 4:6-7.

Caim tinha plena condição de proceder bem, Deus não é injusto. O Senhor explicou se ele procedesse bem seria aceito; mas se procedesse mal, o pecado o rondaria. Portanto, era necessário que ele dominasse o seu desejo.

Mas Caim, mais uma vez, não dá ouvidos a Deus, e recusa a sugestão. A Bíblia diz que um abismo chama outro abismo (Salmos 42:7) e, Caim, continuando em seu caminho, de maneira que vai se afundando no pecado e, por ser vaidoso e autossuficiente, leva seu irmão ao campo e o mata. Caim era maligno e suas obras eram más.

O problema de Caim, se chamada Caim. O nosso problema somos nós mesmos: a nossa alma, o nosso ego, o desejo de querer resolver tudo sozinhos. Há uma rebeldia em nós contra as coisas de Deus, uma cegueira espiritual. A atitude daqueles que se rebelam definitivamente contra o Senhor é a preferência da morte ao invés do arrependimento.

“Nisto são manifestos os filhos de Deus e os filhos do diabo: todo aquele que não pratica justiça não procede de Deus, nem aquele que não ama a seu irmão. Porque a mensagem que ouvistes desde o princípio é esta: que nos amemos uns aos outros; não segundo Caim, que era Maligno e assassinou seu irmão; e por que o assassinou? Porque as suas obras eram más, e as de seu irmão, justas”. 1 João 3:10-12. 

Abel representou a primeira fatalidade referente à maldição de Deus sobre a humanidade, por causa da desobediência de Adão e Eva. Essa tragédia, como resultado direto do pecado de Caim, cumpriu a promessa de que o ato de desobediência ao comerem o fruto do conhecimento do bem e do mal traria a morte física. Caim então se retira da presença de Deus e se afasta do Pai.

“Retirou-se Caim da presença do Senhor e habitou na terra de Node, ao oriente do Éden”. Gênesis 4:16. 

A geração de Sete

Quando Adão tinha 130 anos, a Bíblia relata o nascimento de outro filho do casal, chamado de Sete. Eva o deu este nome porque “Deus me deu outro descendente no lugar de Abel, que Caim matou” (Gn. 4:25). Após a morte de Abel e o pecado de Caim, a linhagem oficial de Adão e Eva foi estabelecida através de Sete, gerado à semelhança e conforme a imagem de Adão (Gn. 5:3-8).

Sete teve um filho chamado Enos e foi nessa época que os homens começaram a invocar o nome do Senhor. A linhagem piedosa de Sete tornou-se messiânica (do Messias, de Cristo) através de Noé, Abraão, Davi e, finalmente, Jesus.

“Ora, Jesus tinha cerca de trinta anos ao começar o seu ministério. Era como se cuidava, filho de José, filho de Eli [...], Davi, filho de Jessé [...], Abraão, este, filho de Tera [...], Noé, filho de Lameque [...], Cainã, filho de Enos, Enos filhos de Sete, e este filho de Adão, filho de Deus”. Lucas 3:23-38. 


Este estudo foi feito com base na apostila “Gênesis” do ITQ de Perus e no Panorama Bíblico elaborado pela irmã Márcia Veiga, disponibilizado no site www.escrituras-e-poder.com

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