Barack Obama diz que os Estados Unidos irão "coordenar ações junto com o mundo" para melhorar a situação do país, e analisa diversas opções para responsabilizá-lo, mas não adiantou nenhuma ação precisa.
Críticos apontaram que houve intervenção do govero americano no norte africano e no oriente médio, mas o presidente declarou que a mudança em curso não representa trabalho dos EUA, mas das próprias pessoas que "estão tentando viver como seres humanos".
Confira a matéria na íntegra:
Obama: governo líbio deve ser responsabilizado por violência
Fonte: Terra: 23.02.2011
Obama, ao lado de Hillary Clinton, fala sobre a Líbia |
Ao lado da Secretária de Estado, Hillary Clinton, Obama fez hoje seu primeiro pronunciamento sobre a situação desde a escalada dos prostos líbios, no dia 17 de fevereiro.
Havia a expectativa de que Obama pudesse indicar sanções ou ainda ações mais incisivas contra a Líbia, somando-se à crescente pressão que o país vem sofrendo em vista da repressão contra a população. Obama, no entanto, usou poucos minutos para indicar que enviará Clinton a Genebra, para o encontro do Conselho de Direitos Humanos da ONU.
Obama disse que seus assessores de política externa têm "trabalhado contra o tempo" para preparar uma resposta à violência e disse que está analisando "diversas opções" para responsabilizar a Líbia. Embora não tenha adiantado ações precisas, o presidente tratou de enfatizar que o mundo inteiro "todo o mundo está assistindo" ao desenrolar dos fatos em solo líbio e que o "sofrimento" e o "derramamento de sangue" são "insultantes". Trata-se, em suas palavras, de uma "situação vital", na qual a "comunidade internacional deve falar em uníssono."
"Nós (os Estados Unidos) iremos coordenar ações junto com o mundo" para tentar melhorar a situação do país. Pelo menos 600 pessoas já morreram em uma semana de protestos, durante as quais Kadafi vê, aos poucos, o controle de cidades se esvair, enquanto que o temor de novas mortes cresce.
Obama lembrou a condenação massiva feita por diversos organismos internacionais, como o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas - que igualmente responsabilizou o governo líbio pela violência contra -, a Liga Árabe, a União Africana e diversas nações, de modo independente, condenaram as ações na Líbia.
Contra os críticos do intervencionismo americano no norte africano e no oriente médio, Obama defendeu que "essa mudança (em curso nos países árabes) não representa o trabalho dos Estados Unidos, mas o trabalho das próprias pessoas, que estão tentando viver como seres humanos".
Líbios enfrentam repressão e desafiam Kadafi
Impulsionada pela derrocada dos presidentes da Tunísia e do Egito, a população da Líbia iniciou protestos contra o líder Muammar Kadafi, que comanda o país desde 1969. As manifestações começaram a tomar vulto no dia 17 de fevereiro, e, em poucos dias, ao menos a capital Trípoli e as cidades de Benghazi e Tobruk já haviam se tornado palco de confrontos entre manifestantes e o exército.
Os relatos vindos do país não são precisos, mas tudo leva a crer que a onda de protestos nas ruas líbias já é bem mais violenta que as que derrubaram o tunisiano Ben Ali e o egípcio Mubarak. A população tem enfrentado uma dura repressão das forças armadas comandas por Kadafi. Há informações de que aeronáutica líbia teria bombardeado grupos de manifestantes em Trípoli. Estima-se que centenas de pessoas, entre manifestantes e policiais, tenham morrido.
Além da repressão, o governo líbio reagiu através dos pronunciamentos de Saif al-Islam , filho de Kadafi, que foi à TV acusar os protestos de um complô para dividir a Líbia, e do próprio Kadafi, que, também pela televisão, esbravejou durante mais de uma hora, xingando os contestadores de suas quatro décadas de governo centralizado e ameaçando-os de morte.
Além do clamor das ruas, a pressão política também cresce contra o coronel Kadafi. Internamente, um ministro líbio renunciou e pediu que as Forças Armadas se unissem à população. Vários embaixadores líbios também pediram renúncia ou, ao menos, teceram duras críticas à repressão. Além disso, o Conselho de Segurança das Nações Unidas fez reuniões emergenciais, nas quais responsabilizou Kadafi pelas mortes e indicou que a chacina na Líbia pode configurar um crime contra a humanidade.
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